Frei, coordenador da Pastoral Carcerária de Brasília, faz apelo ao STF pelos presos do 8 de janeiro.
Nas vésperas de completar 8 meses de encarceramento daqueles que estiveram nas manifestações do 8 de janeiro, Frei Rogério Soares, faz um apelo aos Ministros do STF, para que olhem de forma técnica para a situação dos presos e com misericórdia. O religioso, que hoje coordena a Pastoral Carcerária de Brasília, acompanha todos os presos desde o dia que foram detidos. Esteve, por 4 horas, na Academia da Polícia Federal, no dia 9 de janeiro. Conversou com várias pessoas que ali estavam e escutou a todas. “Senti de perto a dor, o sofrimento e o pavor que acometia a todos naquele dia 9 de janeiro. A incerteza e a falta de informação de qual seria seus destinos, dilaceravam seus corações. Muitos passando mal e sendo levados por ambulâncias. Desde então estamos visitando-os na Papuda e na Colmeia•” , afirma o Frei.
No último dia 20 de junho, Frei Rogério, encaminhou um ofício à presidente do STF, Rosa Weber, pedindo uma maior atenção a situação dos mais de 250 presos que ainda esperam uma decisão. Em um trecho, com um algo de emoção, o frei diz: “De acordo com as escutas que fiz, sinto o coração apertado, às vezes tendo a sensação que muitos estão tendo um remédio demasiado amargo estando até hoje encarcerados, talvez desproporcional.” Para o religioso, muitas pessoas de bem, talvez motivadas equivocadamente, foram se manifestar, exercer seu direito democrático, mas em nenhum momento com planejamento de golpe. “Pelo meu entendimento no dia 8 de janeiro houveram dois acontecimentos, o vergonhoso quebra-quebra, incitado por alguns e a manifestação pacífica. Pela individualização de conduta, se pode saber em que acontecimento cada preso estava. Tenho três pessoas de minha paróquia presas até hoje, imagino que eles não tinham nenhuma intenção de colocar em curso um golpe.”, Continua o religioso, “evidentemente que está claro que houve uma maldade impetrada contra os prédios dos três poderes, que pessoas completamente alucinadas investiram nessa depredação , como também se vê que o efeito manada aconteceu , por isso que digo que a boa investigação e a individualização de conduta, vão esclarecer. O ideal seria que todas as pessoas esperasse o resultado das investigações em liberdade.” Frei Rogério Soares, por meio do ofício, pediu uma audiência com ministra Rosa Weber, que está sob análise, mas recebeu a reposta de que o ofício foi entregue.
Frei Rogério Soares coordena a Pastoral Carcerária, em Brasília, entidade que há mais de 50 anos trabalha com os encarcerados em todo o Brasil. Além das visitas religiosas, os agentes da pastoral lutam pelos direitos humanos dos presos e acompanha suas famílias.