Rapper Hungria recebe título de Cidadão Benemérito da CLDF em comemoração ao Dia do Orgulho Autista

Rapper Hungria recebe título de Cidadão Benemérito da CLDF em comemoração ao Dia do Orgulho Autista

CLDF reconhece trabalho do cantor que nasceu na Ceilândia e outorga título destacando sua contribuição artística

Com a presença de integrantes de várias entidades e associações voltadas às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Câmara Legislativa do Distrito Federal celebrou o Dia Mundial do Orgulho Autista e outorgou o título de Cidadão Benemérito de Brasília ao rapper Hungria Neves na tarde desta segunda-feira (24), no plenário.

O autor das homenagens, deputado Robério Negreiros (PSD), conclamou a todos para “unir forças e refletir sobre como melhorar a qualidade de vida das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”. Para o distrital, a data, além de um marco de celebração, é um chamado à ação, à conscientização e ao compromisso contínuo com a inclusão.

Foto: Carolina Curi/

Ao reafirmar seu compromisso com a causa, Negreiros citou que é autor de quinze leis destinadas aos direitos das pessoas com deficiência, sendo a mais recente a Lei 7.436/2024, que obrigada as salas de cinema a realizar sessão adaptada para os autistas, entre outras conquistas para o segmento, como a Lei 6.642/2020, que instituiu a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea).

O distrital mencionou ainda as emendas ao orçamento, de sua autoria, a fim de viabilizar uma clínica-escola especializada no atendimento ao segmento “São conquistas compartilhadas com todos”, reforçou, ao salientar sua “luta por um Distrito Federal mais inclusivo e respeitoso”.

A data como espaço de reflexão sobre a qualidade de vida das pessoas com TEA foi ratificada pelo secretário da Pessoa com Deficiência do DF, Flávio Santos. Segundo ele, a pasta tem procurado construir políticas que propiciem “mudança de paradigma com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa e igualitária”.

Humanidade

Servidor da Polícia Rodoviária Federal do DF (PRF-DF) e idealizador do projeto PRF Amiga do Autista, Fernando Cotta, que também é presidente de honra do Movimento do Orgulho Autista Brasil (MOAB), destacou a importância de celebrar a data. Pai de um filho autista, hoje com 26 anos, Cotta narrou a dificuldade em busca do diagnóstico. “Os autistas nos fazem ficar mais perto do que se entende por humanidade”, disse.

Ele defendeu a efetividade da legislação, que abarca, inclusive a Lei 4.568/2011, a qual institui a obrigatoriedade de o Poder Executivo proporcionar tratamento especializado, educação e assistência específicas aos autistas, conhecida como Lei Fernado Cotta. Para o ativista, são as associações que possibilitam a mudança de realidade.

Foto: Carolina Curi

Ao descrever seu respeito pelo segmento, a superintendente da Polícia Rodoviária Federal do DF (PRF-DF), Adriana Pivato, apresentou o projeto PRF Amiga do Autista, que propõe ações voltadas à conscientização e qualificação dos policiais rodoviários federais para uma abordagem humanizada e de qualidade para pessoas autistas e seus familiares, bem como a divulgação sobre os direitos do segmento.

Diagnóstico

Autistas que atuam em diversas profissões manifestaram-se durante a sessão, como o médico Leandro Machado, autista e pai de uma filha na mesma condição. De acordo com Machado, a primeira barreira é o acesso ao diagnóstico e ao tratamento. “É essencial capacitar os profissionais para garantir o diagnóstico precoce e o tratamento adequado”, considerou. Ele também argumentou pela inclusão como prática diária na educação.

Do mesmo modo, a advogada Larissa Argenta defendeu a importância do diagnóstico e rebateu o preconceito e o capacitismo. Por sua vez, a tradutora em Libras, Neylliane Magalhães, contou sua história de vida, permeada por diversos tipos de violência. “Toda dor foi transformada em amor”, disse.

Literatura

Autista e com um filho com o mesmo diagnóstico, Aline Campos é autora do livro “Autismo – Com um novo olhar é possível amar” e da cartilha “Sou diferente, e daí? Tem lugar aí pra mim?”. Aline, que é servidora do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), discorreu sobre o protagonismo da pessoa autista por meio da literatura.

Também autista e mãe de um filho autista, a neuropsicóloga Luana Freitas falou sobre seu projeto destinado a apoiar mães de autistas. “Fiz do TEA a minha vida”, afirmou.

Em depoimento emocionado, o presidente da Associação de Pessoas com Autismo, Pedro Lucas Lopes, que é psicopedagogo, agradeceu à família e aos profissionais que o incentivaram ao protagonismo.

Foto: Carolina Curi

Rapper Hungria

Defensor da inclusão de pessoas com TEA, o rapper ceilandense Hungria Neves recebeu o título de Cidadão Benemérito de Brasília durante a sessão. Ele defendeu a “oportunidade de inclusão” em diversas esferas sociais.

Vencedor de prêmios no Brasil e no exterior, o rapper contou sobre o momento em que levantou a bandeira “Lute como uma mãe de autista” e disse que os recursos obtidos com a venda de camisetas com esse slogan são destinados à causa autista. “Essa batalha é nossa”, assegurou, ao salientar sua responsabilidade como músico.

Hungria agradeceu a homenagem da CLDF, concedida a pessoas que nasceram em Brasília e praticaram atos de relevante interesse social em favor da população.

Com CLDF

Aderval Andrade

Aderval Andrade é advogado e empreendedor.

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