Anvisa aprova o medicamento baricitinibe contra a queda de cabelo
Agência aprovou indicação da droga para tratamento da alopecia areata, doença autoimune que provoca queda capilar, dermatite e covid
No último mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu aprovação do medicamento baricitinibe destinado ao tratamento da queda de cabelo. Agora, o baricitinibe, também conhecido pelo nome comercial de Olumiant e produzido pela farmacêutica Eli Lilly, poderá ser utilizado de maneira específica no combate à alopecia areata.
A alopecia areata representa uma condição capilar distinta, e mais severa, quando comparada à alopecia androgenética, que é a forma mais comum de calvície na população e geralmente tem origem genética.
O mecanismo de ação desse medicamento é pautado na sua característica de imunomodulador. Ele atua no sistema imunológico dos pacientes, contribuindo para a redução da ação de uma substância associada às reações inflamatórias no organismo.
O baricitinibe age como um inibidor da enzima Janus quinase (JAK). Esta enzima, também conhecida como JAK, é encontrada na membrana dos linfócitos, constituindo parte dos receptores das moléculas inflamatórias chamadas citocinas. Quando essas citocinas se ligam, impedem a ação do sistema imunológico. Portanto, no organismo, o medicamento atua impedindo a reação que leva à agressão ao folículo capilar.
Essa aprovação representa uma significativa evolução no tratamento da queda de cabelo, oferecendo uma opção terapêutica eficaz e direcionada para a alopecia areata. A comunidade médica e os pacientes aguardavam ansiosos por soluções inovadoras, e o baricitinibe surge como uma resposta promissora para enfrentar essa condição capilar desafiadora.
O medicamento foi testado em um estudo com 1.200 adultos, inclusive nos brasileiros acompanhados na Unicamp, com alopecia areata grave. Em seis meses de tratamento, para 22% dos pacientes, 80% da área do couro cabeludo que tinha ficado pelada foi recoberta.
Para quem é indicado?
Segundo a Anvisa, ele já possui registro no Brasil para o tratamento de artrite reumatoide ativa moderada a grave e dermatite atópica moderada a grave, além de ter sido usado para o tratamento da covid-19 em pacientes adultos hospitalizados que necessitam de oxigênio por máscara ou cateter nasal, ou de alto fluxo de oxigênio ou ventilação não invasiva. Agora com a nova determinação, o baricitinibe poderá ser prescrito para o tratamento de adultos com quadro grave de alopecia areata.
O que é a alopecia areata?
A alopecia areata é uma condição dermatológica caracterizada pela perda súbita e geralmente inesperada de cabelo em áreas específicas do couro cabeludo ou do corpo. Essa condição autoimune ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente os folículos capilares, levando à interrupção do ciclo de crescimento do cabelo.
Segundo publicação da Escola de Medicina de Harvard, quando o sistema imunológico não está funcionando como deveria, ele pode atacar as células do folículo capilar, fazendo-as entrar prematuramente na fase de “repouso”, interrompendo o crescimento do cabelo.
Diferente da alopecia androgenética, que é comumente associada à predisposição genética e à hormônios sexuais, a alopecia areata não está diretamente ligada à herança genética. Em vez disso, é considerada uma resposta autoimune, na qual o sistema de defesa do corpo erroneamente reconhece os folículos capilares como ameaças e desencadeia uma reação inflamatória que resulta na queda de cabelo.
Os sintomas da alopecia areata variam de pessoa para pessoa, podendo incluir a formação de áreas arredondadas ou ovais sem cabelo no couro cabeludo, sobrancelhas, cílios ou outras regiões pilosas do corpo. Embora a condição não seja dolorosa e não represente riscos à saúde física, pode ter impactos significativos na qualidade de vida emocional e psicológica dos afetados.
O tratamento da alopecia areata pode envolver abordagens como corticosteroides tópicos, injeções de esteroides, imunoterapia e, agora, com a recente aprovação, o uso do medicamento baricitinibe, um imunomodulador que atua no sistema imunológico para conter a resposta autoimune responsável pela queda de cabelo.
O acompanhamento médico dermatologista ou profissional de saúde da área, é essencial para determinar a melhor abordagem terapêutica com base nas características individuais de cada paciente. O médico poderá fazer uma biópsia do couro cabeludo para chegar a um diagnóstico mais claro.
Fonte: Agenda Capital